Declaração de amor

Completarei 32 anos no sábado, e como não poderia deixar de ser, fecho mais um ciclo cronológico, astrológico e biológico... É lógico!

Diferentemente de antigamente, agora faço check-up. Em um passado nem tão longe assim, eu abria todas as alas e enterrava todos os ossos...

O que não faz a idade!!! Mas é a rapadura, fazer o quê? FAZ PARRRTE!

Estou serena (agora que resolvi o dilema pianístico dentro de mim). Me acho a Wonder Woman! Eu assovio e chupo cana!

Eu me amo cada vez mais!

No metrô

-Droga, vou trabalhar à noite todos os dias da próxima semana!

-Não reclama, não! As coisas não caem do céu!

-O que a gente não faz por R$500...

(Você nem imagina o que algumas pessoas fazem por menos do que isso!!!)

-Eu beijei ele!

-Você o quê?

-Eu beijei eleeeee!

-Na boca???

(Não, no umbigo!!!)

-Fala! (atendendo o celular)

-(...)

-Você tá loucão, tá!

-(...)

-Ah, liga no meu Vivo! Droga!

Pausa

-Fala! (atendendo o outro chip).

-(...)

-Eu 'tô no metrôôô! Fala looooogo!

-(...)

-Nem fod&$#@!

(Nossa!!! Eu quero a minha mãe!!!)

Os fujões das eleições

Horário político no ar. Aquela palhaçada. Viro para o Clau:

- Quando será?

- Não sei.

(Totalmente alienados... Tsc, tsc...)

Corta para outro dia. No MSN:

Camila diz:

Você não vai acreditar...

As eleições serão no dia 3 de outubro

Claudio diz:

eiiiiita

e agora?

Camila diz:

vamos ter que justificar

Claudio diz:

que merda, dá pra fazer pela internet?

Camila diz:

n sei

Claudio diz:

pelo menos é uma coisa a menos para se preocupar, kkkkkk

Camila diz:

mas taí, não é que é verdade?

Estaremos bem, bem, bem longe daqui, uh-la-la, olha só, nem pensamos nisso...

Festival de inverno em Campos do Jordão

Eu estava tentando convencer o Clau, mas ele batia o pé. Eu dizia "vamos, vamos, vamos"...

E ele respondia "ah, não, você sabe que vai estar cheio, a gente não vai conseguir andar, você vai reclamar, eu vou reclamar, tem o Rafa, não, não, não".

Mas eis que surgiu uma pessoa boa, que nos deu um par de ingressos para o camarote no festival de Campos do Jordão! Ufa!!!

Por conta do nosso baby boy, a família inteira foi obrigada a ir a Campos, afinal, alguém tinha que cuidar do Rafa. Digamos, assim, uma obrigação nada ruim...

E valeu, o Alex Klein é o máximo, com aquele estilo "ripongo" de reger! Mas... não tinha piano!

Doçuras pianísticas

Ontem a aula de piano foi mais doce.

Eu queria discutir a relação, mas sabe como são os homens, e o professor não é diferente, né?

- Quer conversar antes ou depois?

- Toca primeiro, depois a gente conversa

Homens...

Eu disse que queria diminuir o ritmo, tava muito punk, além do mais, é pra ser um hobby. Não vou ser pianista.

Quero ser ensinada como uma garotinha de 10 anos, tudo bem mastigadinho... O nosso primeiro livro é infantil mesmo (Meu piano é divertido, volume 1), ora bolas, então eu quero assim...

Tocar com as duas mãos é muito rapadura, e a vida, sabe como é, é totalmente rapadura!!!

A redenção

Quinta-feira, dia de natação. O relógio desperta às 6:50. Se arrasta e come algo, para não desmaiar na piscina. Maiô, frequencímetro, arruma a mala e sai. Ainda com as coisas de ontem na cabeça... Nó na garganta. E vontade de chorar.

Quando vê a piscina, que maravilha, um momento só seu... Estava frio lá fora, mas a água estava bem quentinha! Delícia! Exercícios fundamentais de braço... Mas nada de sair o braço. O professor repete as instruções... Nada... O professor, vendo a grande M que estava tudo, bem fofo, pergunta:

- Tá tudo bem?

E veio o nó na garganta de novo. Lágrimas que se logo se misturavam à piscina...

- Ih, já vi tudo... Vai embora, nada o que você quiser, do jeito que você quiser.

E chegou à seguinte conclusão: é perfeccionista e não perfeita! Faz tudo como pode, e tenta fazer o melhor. Se não dá sempre, paciência.

Já é afortunada por conseguir tudo isso e ainda sentir prazer.

Se o piano vai forçar, a aula vai virar quinzenal!

Nadou 10 piscinas e foi embora sorrindo. Chegou em casa, tomou café, cuidou do bebê, trabalhou, brincou, e até assistiu desenho, sem culpa, feliz da vida!

Só as cinzas da quarta-feira

Acordou. Quarta-feira, a assistente para assuntos domésticos não vem. Que pena, tem que arrumar a cama também.

-Mamãe! Mamãe! Mamãeeeeeeeeeeee!

Troca de roupa. Parte pro baby: troca a fralda, roupa, põe sapato, escova os dentes. Todo mundo pra cozinha.

Faz café, prepara o café do bebê. Nossa, já essa hora? Pelo menos do almoço vai se livrar, precisa ir ao shopping buscar os passaportes da família. Separa os protocolos e RG de todos. Deixa perto da bolsa. O bebê chama, vai atender. Verifica os e-mails. Tem nota fiscal para emitir, orçamento para fazer. O bebê fez número 2. Troca tudo de novo. Volta para o computador. Responde umas mensagens. A bolsa ficou ali, tem que arrumar para sair. Checking list: fralda, chupeta, roupa extra, babador, comida, fruta. Fecha tudo. O marido entra. Cadê, por que não atendeu o telefone? Estava trocando a fralda, não deu. Coloca comida pra cachorra, faz xixi e sai.

Corta pro carro. Shopping. O bebê cochilou. Aproveita para almoçar de frente com o marido. Coisa rara. Acorda o bebê, dá comida e fruta. Pausa para um cafezinho. Ele passa em dois lugares para orçar a funilaria do carro. Ela fica de refém. O bebê também. Voltam para a casa.

O bebê não quer dormir, porque tirou um cochilo rápido e carregou todas as baterias. Vai trabalhar pilhada mesmo. Emite uma nota, escritura outras, separa documentos para o contador. Paga imposto. Café da tarde para o bebê. Ele quer brincar. Daqui a pouco tem aula de piano, não estudou nada. Duas semanas de férias, e não estudou nada, só tocou o que queria, por divertimento. Trabalha e baixa desenhos para o bebê ao mesmo tempo. Toma um pretinho, ninguém é de ferro.

Corta para a janta. Menu do dia: risoto de carne, ervilhas frescas, uvas passas e gorgonzola. Até o bebê belisca. Janta correndo. O marido chega da aula de piano. Escova os dentes correndo e sai, está atrasada.

Corta para a aula.

- Toca.

- O quê?

- As duas músicas que eu deixei pra você.

- Que música?

-Você não estudou?

-Estudei o livro.

-Então toca. Cadê o livro?

-Em casa. O marido falou que não precisava trazer...

-Não acredito... Senta aqui, vamos tocar as do caderno então.

-Tá... (com vontade de chorar, sair correndo).

No caminho, de volta pra casa, percebe-se como a equilibrista de pratos: trabalha, cuida de um bebê, aula de piano, natação... Parece que está tudo de cabeça para baixo. Pensa em colocar o bebê na escolinha, para fazer as coisas um pouco mais relaxada. Com um sentimento de culpa enorme, chega em casa.

Corta para a casa.

-Mamãeeee. (alegria de ver a mamãe). -Mamãeeee. -Mamãeeee. -Mamãeeee. -Mamãeeee.(abraça as pernas da mamãe com força, saudades).

E ela chora. Chora. Chora. Coitadinho do bebê, e ela veio no carro pensando em colocá-lo na escolinha. Bate a culpa de novo. E chora... Chora... Chora...

Segura peão!!!