Acordou. Quarta-feira, a assistente para assuntos domésticos não vem. Que pena, tem que arrumar a cama também.
-Mamãe! Mamãe! Mamãeeeeeeeeeeee!
Troca de roupa. Parte pro baby: troca a fralda, roupa, põe sapato, escova os dentes. Todo mundo pra cozinha.
Faz café, prepara o café do bebê. Nossa, já essa hora? Pelo menos do almoço vai se livrar, precisa ir ao shopping buscar os passaportes da família. Separa os protocolos e RG de todos. Deixa perto da bolsa. O bebê chama, vai atender. Verifica os e-mails. Tem nota fiscal para emitir, orçamento para fazer. O bebê fez número 2. Troca tudo de novo. Volta para o computador. Responde umas mensagens. A bolsa ficou ali, tem que arrumar para sair. Checking list: fralda, chupeta, roupa extra, babador, comida, fruta. Fecha tudo. O marido entra. Cadê, por que não atendeu o telefone? Estava trocando a fralda, não deu. Coloca comida pra cachorra, faz xixi e sai.
Corta pro carro. Shopping. O bebê cochilou. Aproveita para almoçar de frente com o marido. Coisa rara. Acorda o bebê, dá comida e fruta. Pausa para um cafezinho. Ele passa em dois lugares para orçar a funilaria do carro. Ela fica de refém. O bebê também. Voltam para a casa.
O bebê não quer dormir, porque tirou um cochilo rápido e carregou todas as baterias. Vai trabalhar pilhada mesmo. Emite uma nota, escritura outras, separa documentos para o contador. Paga imposto. Café da tarde para o bebê. Ele quer brincar. Daqui a pouco tem aula de piano, não estudou nada. Duas semanas de férias, e não estudou nada, só tocou o que queria, por divertimento. Trabalha e baixa desenhos para o bebê ao mesmo tempo. Toma um pretinho, ninguém é de ferro.
Corta para a janta. Menu do dia: risoto de carne, ervilhas frescas, uvas passas e gorgonzola. Até o bebê belisca. Janta correndo. O marido chega da aula de piano. Escova os dentes correndo e sai, está atrasada.
Corta para a aula.
- Toca.
- O quê?
- As duas músicas que eu deixei pra você.
- Que música?
-Você não estudou?
-Estudei o livro.
-Então toca. Cadê o livro?
-Em casa. O marido falou que não precisava trazer...
-Não acredito... Senta aqui, vamos tocar as do caderno então.
-Tá... (com vontade de chorar, sair correndo).
No caminho, de volta pra casa, percebe-se como a equilibrista de pratos: trabalha, cuida de um bebê, aula de piano, natação... Parece que está tudo de cabeça para baixo. Pensa em colocar o bebê na escolinha, para fazer as coisas um pouco mais relaxada. Com um sentimento de culpa enorme, chega em casa.
Corta para a casa.
-Mamãeeee. (alegria de ver a mamãe). -Mamãeeee. -Mamãeeee. -Mamãeeee. -Mamãeeee.(abraça as pernas da mamãe com força, saudades).
E ela chora. Chora. Chora. Coitadinho do bebê, e ela veio no carro pensando em colocá-lo na escolinha. Bate a culpa de novo. E chora... Chora... Chora...

Segura peão!!!